A Autora

CV 23 maio 2019Created by Readiris, Copyright IRIS 2005

 

Neste ano de 2017 iniciei uma colaboração com o Expresso das Ilhas onde publico a coluna mensal [Re]cortes no Tempo e colaborei com o Ministério da Educação de Cabo Verde na elaboração do Plano Estratégico da Educação 2017-2012.
Nos últimos três anos estou a desenvolver uma investigação sobre a construção do ensino superior em Cabo Verde, desde os primórdios de Cabo Verde à atualidade. Convencionalmente, desde Junho de 2014, sou uma mulher livre (i. é, aposentada, mas não sentada e conformada, como a semântica indicia).
Continuo a procurar entender o sentido da educação e da cultura cabo-verdianas, num olhar persistente (logo, crítico) do presente e no acumular-desvendar dos factos passados e das opiniões sobre eles narradas e consentidas.
Ainda, sem conseguir vencer o pudor de falar de mim, da minha família e dos meus amigos, apresento nesta página alguns traços do meu percurso profissional e académico.
Nos últimos anos, lecionei na Universidade de Cabo Verde e pertenci aos seus órgãos diretivos. Foi um tempo intenso, onde tive a pretensão (a ingenuidade ainda acontece) de cartografar caminhos possíveis que uma universidade plena tem de percorrer para merecer o nome que a consagra (universalidade).
Neste entretempo, consegui aprofundar pistas de investigação esboçadas na minha tese de doutoramento. Escrevi alguns artigos, participei em conferências, transformei a tese ‘O Liceu em Cabo Verde, um imperativo de cidadania´, 1917-1975’ num livro e, com um grupo de colegas , reconstitui factos, memórias e percepções que conduziram à edificação de um liceu tardio (o da Praia) e colonial, que se constitui em auditório da cidade, “criadas as condições de amplificação da fala com o subalterno [abrindo-se assim] as clareiras para um além do eurocentrismo”.
Retomei o projeto – no âmbito do projeto maior ‘Memórias da Educação’ – da concepção de um museu virtual da educação. Pensado desde 2006, quando fui docente na Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, recuperei a ideia que está a ser concretizada em cooperação com investigadores do Instituto de Educação, da Universidade de Lisboa.
A minha vida profissional foi inteiramente dedicada ao ensino e à educação – enquanto docente, técnica e coordenadora de projetos e grupos de trabalho – num trajeto inicial imbuído de uma visão tecnocrática da causa educativa no mundo e em Cabo Verde, onde se aplicam os modelos “prontos-a-pensar” das organizações (inter)nacionais. A viragem para o mundo académico aconteceu quando regressei à escola. Refiro-me aos cursos de mestrado e doutoramento na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade de Lisboa, onde defendi duas teses sobre a história da educação em Cabo Verde.
Nos idos anos 80/90, houve uma deriva, uma incursão no mundo da etnografia, de que resultou um trabalho, em parceria com a minha filha Ana, denominado ‘O objecto e a escrita’. Neste ensaio, onde texto e imagens do património (i)material da ilha de Santiago, se iluminam mutuamente, tentámos restituir a envolvência do mundo que nos acolheu, quando “menina e moça” parti para as ilhas da “morabeza”.
Se, e quando tiver coragem, desvendarei um pouco do meu outro lado, o pessoal.